A Inquisição
![]() |
A condenação de Joana d 'Arc à fogueira |
O que era a Inquisição?
A inquisição ou Tribunal da Santa Fé era um tribunal religioso fundado, em 1231 (séc 13), na Idade Média, pelo Papa Gregório IX, para punir os hereges(6).
A inquisição começou na França e depois espalhou-se pela Europa: Itália, Polónia, Alemanha, Hungria, República Checa Espanha, Portugal, entre outros.
Principais Alvos da Inquisição
Na Idade Média, altura em que foi estabelecida, o principal objectivo era combater o Catarismo que se espalhava rapidamente pela Europa, com mais expressão na França e Itália.
Catarismo significa Purismo em grego. Foi um movimento religioso organizado que se originou na França. Acreditavam na existência de dois deuses: o Bom e o Mau. Pregavam que o mundo material era maligno por ter sido criado pelo Deus Mau e que o mundo espiritual era bondoso por ter sido criado pelo Deus Bom. E que a alma era um anjo aprisionado no corpo humano pelo Deus mau. Condenavam o casamento e a procriação. Incitando ao suicídio e ao aborto. Foram perseguidos pela Igreja Católica, acusados de hereges e massacrados pelas Cruzadas e pela Inquisição.
Na Idade Moderna, após a Reforma Protestante (revolta religiosa), a Inquisição cresceu e intensificou a sua actividade. Começando a perseguir os protestantes.
Enquanto, na maior parte da Europa os principais alvos da inquisição são os protestantes, na Península Ibérica são os mouros.
Quem eram os Inquisidores?
A Inquisição era composta por inquisidores, que eram estudiosos religiosos.
Os inquisidores ou juízes do Santo Oficio tinham poderes quase ilimitados. Podiam prender, torturar, julgar e castigar. Só não podiam condenar à morte, essa parte cabia às autoridades civis. Quando a Inquisição entregava um acusado às autoridades civis, já se sabia que era para ser executado.
Os inquisidores dispunham de uma rede de informadores a quem atribuíam recompensas e privilégios, como a isenção de pagar impostos, por exemplo.
Todas as denúncias eram aceites, uma carta anónima ou um boato constituíam factos suficientes para iniciar um processo secreto. As denúncias eram consideradas um dever superior da população.
Quais eram os Crimes?
Nestes tribunais religiosos, os acusados eram julgados por crimes de:
Heresia - Não seguir a fé católica ou ter uma posição diferente da Igreja. Quem questionasse o poder e a autoridade da Igreja Católica.
Apostasia - Abandonar a religião.
Blasfémia - Ofender e difamar o nome de Deus, Jesus, a Virgem Maria e santos.
Bruxaria - Práticas de invocação de poderes sobrenaturais para controlar pessoas ou eventos.
Poligamia - Casar com mais do que uma pessoa.
Bigamia - Casar com outra pessoa, apesar de já ser casado.
Sodomia - Homossexualidade e Bestialidade(sexo com animais).
Adultério - Ter relações sexuais com outra pessoa que não o conjugue.
Fornicação - Ter relações sexuais sem ser casado.
Entre outros.
Procedimentos da Inquisição
- Convite
- Período de Graça
- Prisão
- Interrogatório
- Julgamento
- Sentença
- Punição
Regra geral, sempre que a Inquisição recebia uma denúncia, os inquisidores faziam uma visita à localidade, onde reuniam a população e faziam o convite ao herege para voluntariamente se confessar, dentro de um determinado prazo (período de graça). Se o fizesse, receberia uma penitência mais leve.
A Inquisição aproveitava, também, para convidar a população a denunciar mais hereges.
Passado o prazo, o acusado era levado para uma prisão da Inquisição, sem saber quais eram as acusações.
O réu era interrogado e "pressionado" a confessar os crimes que lhe eram atribuídos. Sem saber do que era acusado, nem quais as provas contra ele, nem quem eram as testemunhas de acusação.
Os crimes tinham de ser confessados e, para isso os Inquisidores interrogavam os acusados, através de torturas violentas e cruéis até sucumbirem ou confessarem. Quase sempre confessavam.
Depois o acusado era detido, enquanto aguardava julgamento. O que podia durar semanas, meses ou até anos.
O julgamento eram uma série de audiências secretas, onde os inquisidores de acusação e de defesa interrogavam o réu, frente a um notário.
Por fim, o prisioneiro era informado das acusações e era-lhe dada uma versão editada do processo, omitindo quem eram as testemunhas.
Depois do julgamento ser concluído, o réu voltaria, novamente, para a prisão, enquanto aguardava saber a sentença.
Se fosse entregue às autoridades civis, já sabia que lhe esperava a pena de morte.
As sentenças eram proclamadas e executadas em sessões públicas, como se fossem espectáculos, chamados de autos de fé. Muitos contavam com a presença do rei e da família real.
Quais eram as Punições?
Os réus podiam ser condenados as seguintes penitências:
- Chicotadas,
- Remar para as galés (4) até à morte,
- Exílio(5),
- Prisão perpétua,
- Morte na fogueira,
- entre outras.
Inquisições Espanhola e Portuguesa
Terminada a Reconquista, os reinos cristãos de Espanha deparam-se com populações mouras (estrangeiros de várias origens de religiões muçulmana e judia). Algo que não aconteceu no resto da Europa.
A Inquisição espanhola obriga-os a converter ao cristianismo. Tornando-se nos cristãos - novos. Inclusive mudança de nomes, de vestuário, de hábitos alimentares, etc. Mas mesmo convertidos, muitos continuam a praticar as suas religiões secretamente. O que representava uma ameaça para a vida religiosa e cultural da Espanha Católica.
Após várias denúncias, o Inquisidor Geral Torquemada investiga-os. Mais de 13 mil são julgados.
Entre 1492 e 1614 milhares de novos-cristãos deixam Espanha ou são expulsos.
Muitos fogem para Portugal, onde, ainda, não havia Inquisição. No entanto, em 1536 (séc.16) é instaurada a Inquisição portuguesa, que segue o exemplo da espanhola.
Apesar do foco das Inquisições Ibéricas serem os novos-cristãos, estavam sempre muito atentas a heresias entre os cristãos-velhos e a alguma movimentação protestante.
As práticas inquisatoriais estenderam-se, também, às respectivas colónias.
A Inquisição Espanhola foi estabelecida, em 1478 (séc. 15) e vigorou por 356 anos, até 1834.
A Portuguesa esteve 285 anos em actividade, e foi abolida em 1821 (séc.19).
A Inquisição era uma forma da Igreja manter o seu domínio sobre a Europa. Evitando que novas ideias, religiões ou criticas à Igreja se divulgassem.
Os reis usavam a Inquisição para se desfazerem de inimigos.