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História da Europa - Idade Contemporânea - Parte I de II

Passada a Pré-História, começa a História.


A História divide-se em 4 Períodos Históricos:


Principais Acontecimentos da Era Contemporânea

Finais de Séc. 18
  • Revolução Industrial 
Séc. 19
  • Guerras Napoleónicas - Congresso de Viena
  • Primavera dos Povos
  • Manifesto Comunista 
  • Formação de novos Estados - Alemanha e Itália
  • Neo-imperialismo - Divisão de África
  • La Belle Époque

Séc. 20
  • Primeira Guerra Mundial - Tratado de Versalhes
  • Revolução Russa - Comunismo
  • Gripe Espanhola 
  • Crise de 1929
  • Fascismo e Nazismo
  • Segunda Guerra Mundial  
  • Guerra Fria
  • Formação da OTAN 
  • Descolonização e Neocolonialismo 
  • Criação e Expansão da União Europeia 
  • Revoluções de 1989
  • Dissolução da URSS 
  • Emancipação da Mulher
  • Revolução Digital - Globalização

Séc. 21
  • Grande Recessão 
  • Migração em Massa para a Europa 
  • Guerra contra o Estado Islâmico
  • Guerras activas em 2025
  • Pandemia COVID-19
  • Aquecimento Global


A Idade Contemporânea na Europa - Parte  I

Idade Contemporânea é o período em que vivemos. Começou nos finais do século 18 até aos dias de hoje. Portanto, está continuamente a escrever-se.



Finais do séc. 18

JMW Turner "Dudley, Worcestershire"  -1832


Revolução Industrial

Com a queda do absolutismo monárquico, a burguesia conquista poder politico nos parlamentos(1) europeus. Levando a estabelecer o mercado livre(2) que levaria ao desenvolvimento da Revolução Industrial e do capitalismo. Transformando a economia mundial até aos dias de hoje.

A revolução industrial consolida o poder e influência da Burguesia nas sociedades contemporâneas.

A burguesia inglesa investe no desenvolvimento tecnológico, para aumentar a sua produção. O que dá origem à maquinaria industrial, introduzindo uma nova forma de produzir. Começa a revolução industrial em Inglaterra, no final do séc. 18. Que que se espalharia pela Europa (França,  Alemanha, Países Baixos, Bélgica); Estados Unidos e Japão, durante o século 19, e transformaria as sociedades europeias.

Muitos países da Europa continuaram rurais e agrários, iniciando uma industrialização mais tardia e lenta como: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, as Balcãs, entre outros. A Rússia e China, também, se foram  industrializando mais lentamente.


O escocês James Watt aperfeiçoa, em 1769, a invenção da máquina a vapor do inglês Thomas Newcomen. E o seu motor a vapor(3) alimentado a carvão, começa a  ser utilizado em fábricas, navios, agricultura, minas de carvão e siderurgia, e mais tarde no barco a vapor (1802) e nas locomotivas a vapor -comboios (1804) Tornando as industrias e o transporte das mercadorias mais rápidos e eficientes.

Os comboios revolucionariam a forma como as pessoas se moviam, transportavam mercadorias e faziam comércio, com mais comodidade e rapidez. Aproximando as cidades, levando à criação de novas cidades e Iniciando o turismo de massas.

À medida que as fábricas se instalam nas cidades, surgem novas profissões. Começa a haver uma grande procura de mão-de-obra que já não precisa ser qualificada. A população rural migra para as cidades (êxodo rural), em busca de emprego. 
Alterando a forma como as pessoas viviam e trabalhavam e levando à urbanização massiva e a problemas de sobre-lotação, falta de saneamento, poluição,  doenças, crime, prostituição, outros.

Emerge a classe trabalhadora - o proletariado -  que é explorado durante décadas, com condições de trabalho pouco seguras, muito ruidosas, muitas horas de trabalho (14 a 16 horas), apenas um dia de descanso e salários baixos. 

O que aumenta a desigualdade social e dá origem à luta da classe operária por melhores condições de trabalho e salários mais justos. E fará emergir o sindicato(4) e ideias de esquerda: socialismo(5), comunismo(6) e anarquismo.

Os sindicatos organizam greves em massa e conseguem a redução para 10 horas de trabalho diário. 

As mulheres começam a trabalhar fora de casa, principalmente, na indústria têxtil. Mas recebem um salário mais baixo que os homens. Assim como crianças. Sendo, por isso, a mão-de-obra mais procurada.
O que cria tensões entre operários masculinos e femininos. Os homens queixavam-se que as mulheres estavam a roubar-lhes o lugar.

Só em 1878, na Grã-Bretanha se tornou ilegal empregar crianças com menos de 10 anos. 

A educação secular(8) continua a aumentar e, em 1880, a Lei da Educação tornou o ensino primário obrigatório para todas as crianças, entre os 5 e os 13 anos.

Começa-se a fabricar em massa. Passa a haver mais produtos disponíveis a preços mais baratos. O que acelera o comércio, e por conseguinte, consolida o capitalismo.

Com o surgimento de novos empregos e o aumento da quantidade e qualidade de bens alimentares a preços mais acessíveis, a população aumenta. Surge uma nova classe social - a classe média trabalhadora urbana e nasce a sociedade de consumo.
Com os progressos na medicina (vacinas, antibióticos, outros) e melhoramento do sistema de saúde a esperança média de vida aumenta - as pessoas vivem mais tempo.


A Revolução Industrial trouxe avanços em todas a áreas, que mudaram o mundo, mas, também, aumentou a capacidade da humanidade de destruir-se. Permitindo a produção massiva de armas mais precisas e acessíveis, que seriam usadas na Primeira Guerra Mundial.


Século 19


Era Napoleónica - Guerras Napoleónicas

Após a Revolução Francesa decapitar o seu rei e depois de dois governos falhados, o general Napoleão Bonaparte toma o poder da França revolucionária, através dum golpe de Estado(9), em 1799.  A população aclama o herói das guerras revolucionárias.

O, agora, imperador Napoleão moralizado pelas vitórias das guerras revolucionárias, decide estender o território francês, proclamando estar a liberar a Europa da tirania monárquica.

Por volta de 1803, começa a invasão à Europa, que duraria cerca de 15 anos e mudaria o mapa do velho continente.

Muitos reinos europeus unem-se, formando coligações para combater a França como: a Grã-Bretanha, a Áustria, a Prússia, a  Rússia, entre outros

Por sua vez, a França de Napoleão conta com apoio da Dinamarca-Noruega em várias batalhas.  Espanha, também, foi aliada da França até Napoleão decidir invadi-la. Então, Espanha alia-se à coligação para se libertar do irmão de Bonaparte, que reinaria Espanha durante 5 anos.

Napoleão vence uma sucessão de batalhas e vai tomando vários reinos: os estados alemães, os Países Baixos, a Bélgica, o Luxemburgo, a Suíça, a Polónia, a Itália, a Espanha, a Malta, a Croácia, parte da Eslovénia e respectivas colónias. 

Ataca várias vezes o Reino Unido, a Rússia e Portugal mas sem sucesso.

Das muitas batalhas travadas destaca-se a Batalha de Austerlitz (na actual República Checa), em que Napoleão vence a Áustria e a Rússia, e dissolve o Império Sacro Romano-Germânico(10) e cria, em 1806, a Confederação do Reno(futura Alemanha),  que incluía 16 reinos alemães.

A primeira grande derrota de Napoleão acontece na Batalha naval de Trafalgar, de 1805. Em que Napoleão tenta invadir Inglaterra, mas a Marinha Real Britânica derrota as frotas da França e da, então, aliada Espanha. 

Em 1812, o exército napoleónico sofre a sua segunda grande derrota, na Campanha da RússiaNapoleão lidera uma grande invasão à Rússia, mas devido ao frio extremo e à resistência do exército russo, as tropas francesas tiveram que retirar-se. 

Em 1814, as tropas da Rússia, Áustria e Prússia ocupam Paris. Napoleão é deposto e enviado para o exílio, na ilha italiana de Elba.

A coligação restaura a monarquia francesa, colocando o irmão do rei decapitado no trono da França - o rei Luís XVIII, dando início á restauração da dinastia Bourbon.

Napoleão foge do exílio, regressa á França (Governo dos 100 dias) e forma um exército. Mas  é vencido, definitivamente, em 1815, na Batalha final de Waterloo, na Bélgica, pela coligação de Grã-Bretanha e Prússia. Pondo fim à ambição de Napoleão.

Napoleão rende-se e é exilado na ilha britânica de Santa Helena, até à sua morte, em 1821.


Congresso de Viena

De forma a redesenhar os limites territoriais alterados pelas conquistas de Napoleão, restaurar o absolutismo monárquico e manter a paz, os representantes da Áustria, Reino Unido, Prússia, Rússia, Estados Papais, Espanha, Portugal e França reúnem-se entre 1814 e 1815, em Viena.

As decisões finais foram as seguintes:
  • França é despojada de todas as suas conquistas.
  • A Rússia anexa a maior parte da Polónia, Finlândia e a  região de Bessarabia (parte de Moldávia e Ucrânia).
  • Áustria recupera o território das Balcãs.
  • Prússia adquire parte da Saxônia, da Westfalia, da Polónia e de Reno.
  • Reino Unido fica com as ilhas de Malta, Ceilão, Maurício e a Colónia do Cabo, que lhe garantem o controlo das rotas marítimas.
  • Dinamarca perde a  Noruega, que é anexada por Suécia.
  • Bélgica é obrigada a unir-se a Países Baixos.
  • É formada a confederação alemã com 38 estados. Sendo Prússia e Áustria parte desta.
  • Portugal recupera Olivença de Espanha. Mas Espanha nunca devolveu, até à presente data.
  • Abolição do tráfico de escravos.

Inglaterra foi dos reinos que mais beneficiou. Aumentou sua influência pelos mares e consequentemente expandiu os seus territórios e colónias. O que potencializaria uma rápida  industrialização e a tornaria no império mais poderoso do mundo.



Conservadorismo na Europa

Assim, a monarquia é restaurada e nasce, na Europa, o conservadorismo, que pretendia preservar a monarquia, as hierarquias sociais, a igreja, a propriedade e conter as ideias revolucionárias e liberalistas.

O século 19 é  marcado pela luta entre conservadores que defendem a monarquia e liberais que defendem a república e a democracia.



Primavera dos Povos

Nas décadas de 1820 e 1830, várias populações revoltam-se, lutando pelo constitucionalismo, pelo republicanismo ou pela independência. Em 1848, europeus de diferentes reinos (França, Confederação alemã, Áustria, Hungria, Suíça, Países Baixos, Dinamarca, Itália) rebelam-se simultaneamente, no que veio a ser conhecido como a Primavera dos Povos ou Revoluções de 1848.

A partir de então, os países europeus começariam a transição para regimes republicanos ou democráticos.


Manifesto Comunista

O Manifesto comunista foi escrito durante as revoluções de 1848, pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engels. Trata-se de uma análise da história da luta de classes sociais, incentivando os trabalhadores a se unirem e a lutarem por mudarem o seu destino, por melhores condições de trabalho e de vida. Para se tornarem na nova classe social dominante. 

 “Os proletários não têm nada a perder a não ser as suas correntes. Têm um mundo para ganhar. Trabalhadores de todos os países, uni-vos.” 

Introduzindo o seu conceito de socialismo e provocando o despertar das massas trabalhadoras. O que origina um novo movimento politico que entraria em conflito com o sistema capitalista por todo o mundo.

Duas de suas maiores vitórias foram: a conquista da diminuição do horário de trabalho de doze para dez horas e o voto universal, para os homens.




A Unificação da Alemanha 

Durante o congresso de Viena (1814-1815), foi formada a Confederação alemã com 38 reinos e ducados. Sendo a Prússia e Áustria parte desta. A maior parte estava sob domínio da Áustria (dinastia de Habsburgo).

As populações nacionalistas lutaram pela união - revoluções de 1848, mas fracassaram.

O primeiro-ministro da Prússia Otto von Bismarck inicia, em 1864, a unificação ao recuperar 2 ducados sob domínio da Dinamarca (Guerra dos Ducados).

Porém, a ocupação destes ducados pela Prússia e a Áustria origina a Guerra Austro-Prussiana, de 1866, em que a Prússia, com o apoio dos reinos italianos, vence e anexa estes 2 ducados e mais os ducados, que tinham apoiado a Áustria nesta guerra.

Os últimos reinos germânicos foram anexos pela Prússia, depois da  Guerra Franco-Prussiana, de 1870-1871, em que a Prússia e a França disputaram o trono espanhol e estes últimos reinos. Além disso, é tomada a Alsácea-Lorena, da França.

Formando o actual território da Alemanha, mais a Alsácea-Lorena que seria recuperada pela França, depois da Primeira Guerra Mundial.

A Alemanha começa a industrializar-se e torna-se uma potência mundial.



Unificação da Itália - Risorgimento 

A Península Itálica eram vários reinos e ducados independentes que estava sob domínio da Áustria, da dinastia de Habsburgo.

As populações nacionalistas lutaram pela união - revoluções de 1848, mas , também, fracassaram.

Os reinos de Itália aliam-se à França e começa a Guerra da Independência contra a Áustria. 

Após várias batalhas vitoriosas, faltava apenas anexar  Veneza e Roma.

Entretanto, alia-se à Prússia pela unificação alemã, contra a Áustria (Guerra Austro-Prussiana de 1866) e anexa Veneza. 

Mas Roma, estava sob domínio do Papa e sob protecção de França, que agora volta-se contra a Itália. A Itália, aproveita a guerra da França com a Prússia (Guerra Franco-Prussiana, de 1870-1871) e toma Roma.

Em 1871, os reinos e ducados passaram a formar o Reino da Itália, sob a monarquia constitucional de Victor Manuel II.



Neo-imperialismo 

O neo-imperialismo foi a dominação europeia de países menos desenvolvidos para obter matéria-prima, mão-de-obra barata ou escrava e novos mercados consumidores.

O velho imperialismo, do século 16, aconteceu na sequência da revolução comercial, pela procura de novas matéria-primas e mercados através da exploração colonial, iniciada por Portugal e Espanha.

O novo imperialismo, foi uma colonização mais agressiva, que começou na primeira metade do século 19, na África e Ásia com a intensificação da indústria, em 1870.
 
Em 1880, a maior parte de África ainda não havia sido ocupada pelas potências ocidentais. Então, são organizadas várias reuniões entre as potências europeias, de 1884 a 1885, chamadas de Conferência de Berlim, para  resolver conflitos coloniais e fazer a "Partilha de África". Como resultado África é dividida em 50 colónias, entre a França, Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha, Portugal e Bélgica.

Deixando a Africa economicamente dependente da Europa, alterando a cultura dos povos indígenas, modificando as fronteiras africanas, ignorando as divisões políticas e étnicas e misturando tribos e provocando guerras entre diferentes tribos e nações africanas, que eram alimentadas pelos europeus.

Mais tarde, as potências europeias começaram, também, a explorar a Ásia: China e a India.

As potências europeias utilizaram as teorias evolucionistas de Charles Darwin para justificar o Imperialismo. Estariam a levar o progresso aos povos do continente africano e asiático. Quando, na realidade,  as suas motivações eram económicas. Ainda, hoje, muitas dessas regiões pouco beneficiaram do desenvolvimento e continuam, apenas, a ser fornecedores de matérias primas.




La Belle Époque 

Os regimes políticos na Europa variavam entre as democracias liberais a ocidente (França, Reino Unido, Bélgica, Países Baixos) e as monarquias autocráticas(11) no centro da Europa (Estados Alemães, Império Austro-Húngaro).

A industrialização, a expansão colonial e um período sem guerras levou a um crescimento económico por toda a Europa.

Esta prosperidade e estabilidade gerou um grande desenvolvimento e inovação nas artes, cultura, medicina, ciência, educação, tecnologia, entretenimento e vida nocturna, que é chamada, nostalgicamente, de La Bella Époque - A Bela Época - A Era Dourada da Europa.

Este período começou nos finais do séc. 19 e terminou com a Primeira Guerra Mundial.

Surgem novos transportes, inicialmente a vapor, e depois com motor de combustão.

Para além do barco a vapor (1802) e da locomotiva a vapor (1804) foram criados, também, na Grã-Bretanha: o metro (1863) e o navio de aço(1887).

primeiro submarino movido por motores a ar comprimido, foi criado pelo francês Plongeur, em 1863.

No final do século 19, iniciou-se a exploração do petróleo, que permitiu a criação do primeiro automóvel de 3 rodas a gasolina, pelo alemão Karl Benz, em 1885. 

Aparecem os primeiros taxis motorizados, em 1896, na cidade alemã de Estugarda.

A 17 de Dezembro de 1903, os norte-americanos, Irmãos Wright realizam o primeiro voo de aeroplano, com impulsão mecânica.


Electricidade é criada através de contribuições de vários inventores. Começou a ser utilizada na indústria, no telegrafo e depois nas casas de toda a população. 

A iluminação eléctrica melhorou muito as condições de trabalho, a produtividade nas fábricas e a segurança, deixando de haver o risco de incêndio devido à iluminação a gás.


As comunicações aumentam pelo uso das invenções do telegrafo(1837), do telefone (1876) e da rádio (1896). 
A televisão só pareceria no século 20, em 1925.


O desporto torna-se uma forma de lazer, sendo o futebol praticado pelas classes mais baixas e o ténis, golfe e polo pelas classes mais altas.
São realizados os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, a 1896.

A vida social na Europa intensifica-se e aumenta a cultura dos cafés e restaurantes.


Dos países europeus que viveram a Bela Época - Reino Unido, França, Áustria, Alemanha, Itália, Bélgica, outros - destacam-se o Reino Unido e a França.


A Belle Époque Inglesa
A Grã-Bretanha, que iniciou a Revolução industrial, no final do século 18, estava no auge da industrialização. 

Era a principal potência industrial e comercial do mundo e o império britânico expandia-se por todo o globo (colónias). A Grã-Bretanha vivia a sua próspera e conservadora Era Victoriana

Foi uma época de grande florescimento cultural, principalmente, na literatura, onde se destacam os escritores:  Charles Dickens, Jane Austen, Thomas Hardy, Virginia Woolf e as irmãs Brontë, que criaram alguns dos grandes clássicos da literatura britânica.

A famosa Torre do Relógio de Westminster é construída nesta época(Big Ben).

Na ciência Charles Darwin publica "A Origem das Espécies", que chocaria a sociedade cientifica de todo o mundo.

 A igreja de Inglaterra era uma instituição central na sociedade britânica de valores tradicionais e morais estritos, em que a mulher tinha um papel principalmente doméstico e o homem de chefe de família e responsável pelo sustento da família.

No entanto, a Grã-Bretanha viveu uma grande agitação social. 
Foi, na Inglaterra, onde se iniciaram os primeiros movimentos de luta por melhores condições de trabalho da classe trabalhadora e da luta das mulheres pela igualdade de género e direito à educação e ao voto.

Foi neste periodo, em 1888, que Jack, o estripador, aterrorizou Londres, assassinando e desventrando cinco prostitutas.

A Grã-Bretanha era o único país com um banco nacional e uma bolsa de valores no início do século 19.

Embora a prosperidade estivesse, de facto, a espalhar-se, muitos dos trabalhadores das fábricas, das docas, dos estaleiros e das minas viviam vidas duras, miseráveis e, muitas vezes, curtas.

Durante a maior parte do século 19, a Grã-Bretanha era a nação tecnologicamente mais avançada e economicamente mais poderosa, mas a finais deste século, a Alemanha, Estados Unidos e França tornam-se fortes competidores.  

A Belle Époque Francesa
Já na França, Paris estava na vanguarda e era o centro cultural do mundo. Paris caraterizava-se pela sua extravagância, boémia, excessos e glamour.

Abrem diversos estabelecimentos de entretenimento por toda a cidade. O, mundialmente famoso, cabaré Moulin Rouge, com as suas actuações sensuais da dança can-can francesa.

Surge a moda de luxo - a alta costura - com marcas como Lacroix e Cartier. É construído o famoso hotel de luxo, o  Ritz.  

São construídos os primeiros automóveis franceses Peugeot e Renault. 

É nesta época, em 1903, que é realizado do primeiro Tour de France, de ciclismo.

A França era líder na tecnologia de fotografia e cinema. A fotografia é inventada pelo francês Joseph Nicéphore Niépce(1814); o cinematógrafo foi inventado em França por Léon Bouly e utilizado pelos irmãos Lumière, que realizaram as primeiras exibições de filmes no mundo (1895).

Nas artes plásticas, um grupo de artistas franceses (Monet, Renoir, Degas e Pissarro) criam um estilo de pintura que ficaria conhecido como Impressionismo.

Auguste Rodin esculpe algumas das mais aclamadas obras em bronze e mármore de todos os tempos.

Na literatura, surgem grandes autores como o modernista Marcel Proust e os escritores realistas Guy de Maupassant e Émile Zola. 

Na Medicina, os cientistas Louis Pasteur e Robert Koch descobrem que inúmeras doenças eram causadas por microrganismos. Pasteur criou o processo de pasteurização de alimentos e vacinas.
Este avanço reduziu a propagação de doenças infecciosas e contribuiu para a melhoria da vida das pessoas.

São implementadas importantes políticas de saneamento público e urbanização de Haussmann.

Um dos maiores símbolos da Belle Epoque francesa é a Torre Effeil. Construída entre 1887 e 1889, por Gustave Eiffel.

Eiffel constrói, também, nesta época(1884) a Estátua da Liberdade. Que seria oferecida pela França e se tornaria um marco dos EUA.

No entanto, as classes baixas pouco ou nada experienciaram da abundância e maravilhas desta época. Viviam em bairros pobres, com condições de trabalho precárias, salários muito baixos, sofrendo de problemas de saúde e com as suas crianças a trabalhar. 

Grupos reaccionários começam a retratar esta época como decadente e degradante, culpando os judeus de todos os males.


Np início do século 20, a Europa era um continente poderoso, mas marcado por divergências internas. 
Os países competiam por serem o país mais poderoso do mundo, disputavam as colónias africanas e muitos não estavam satisfeitos com as fronteiras territoriais ou a perda de territórios. Estes e outros factores desplotariam a Primeira Guerra Mundial.



Século 20

A Primeira Guerra Mundial

Foi uma guerra devastadora, que durou 4 anos, entre 1914 e 1918, e envolveu cerca de 30 países.

As Potências da Entente, lideradas pela França, Rússia, Império Britânico e, mais tarde, Itália (a partir de 1915) e Estados Unidos (a partir de 1917), derrotaram as Potências Centrais, lideradas pelos Impérios Austro-Húngaro, Alemão e Otomano.

Participaram 50 milhões de soldados, muitos com fraco ou nenhum treinamento militar, que nunca tinham combatido numa guerra.  Muitos forçados a participar, vindos das colónias: hindus, canadienses, australianos, neozelandeses e africanos.

Batalha de Somme, Tropas britânicas

  • A rivalidade industrial entre Reino Unido, França e Alemanha. 
  • A competição por matérias-primas nas colónias e de novos mercados.
  • Os povos balcânicos reclamavam um Estado próprio independente dos Otomanos.
  • A Rússia procurava o acesso estratégico ao Mediterrâneo. 
  • A França queria a devolução de Alsácia e Lorena, em poder da Alemanha.
  • A Polónia pretendia libertar-se do domínio dos Impérios Russo, Austro-Húngaro e Alemão.
  • A Itália queria a devolução das regiões do norte de Itália, em poder do Império Austro-húngaro.
Estas situações, movidas pelas mentalidades nacionalista e patrióticas, que culpavam os países vizinhos pelas suas dificuldades económicas,  foram o combustível que encheu o motor de um violento confronto internacional. 

O rastilho é acesso quando o arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro da coroa austro-húngara, é assassinado por um  sérvio-bósnio, na Bósnia, a 28 de Junho de  1914.

"O Império Austro-Húngaro, apoiado pela recém-unificada Alemanha, culpa a Sérvia. A Sérvia é aliada da Rússia, que por sua vez é aliada da França. 
Poucos dias depois, a Alemanha declara guerra à França e invade a neutra Bélgica, para atravessar para a França, o que provoca a entrada britânica no conflito. 
Começa, assim, a Primera Guerra Mundial." 

À medida que a guerra avança, mais países vão-se envolvendo, por alianças antigas, dando seguimento a esta sequência em cadeia.

A guerra  desenrola-se em várias frentes, simultaneamente.

Na primeira fase da guerra, em 1914, começa uma guerra de trincheiras, com grandes perdas e sem avanços. Na tentativa de desmobilizar, usam-se gases tóxicos como arma de combate.

Nesta guerra, usaram-se pela primeira vez armas químicas: gás lacrimogéneo(12), gás cloro(13), gás fosgénio(14) e o gás mostarda(15), que eram implantados em bombas, projécteis, granadas e, também, pulverizados por aviões.  Provocando sofrimentos atrozes e mortes agonizantes.


Os efeitos destes gases venenosos horrorizou o mundo. O uso de armas químicas e biológicas em contexto de guerra seria proibido, no protocolo de Genebra assinado a 17 de Junho de 1925. Até 2015, 178 países assinaram. Como este protocolo não menciona a produção e o armazenamento, vários países aproveitaram essa falha. Além disso, o uso do gás lacrimogéneo é proibido em guerras, mas é usado contra civis.  

Durante esta guerra de trincheiras acontece algo inesperado na véspera de Natal de 1914, os soldados alemães e franceses confraternizam e concordam em cessar fogo para celebrar o Natal.

A Primeira Guerra Mundial foi o primeiro grande conflito a utilizar os aviões, em 1915.

É, também, nesta guerra que se fala pela primeira vez de crime de guerra, quando, a 7 de Maio de 1915, o maior e mais luxuoso navio transatlântico britânico, o Lusitânia, é afundado por um torpedo de um submarino alemão, na costa da Irlanda, declarada zona de guerra. 
1198 passageiros e tripulantes morrem, incluindo mulheres, crianças e bebés. 

Os alemães haviam sido informados, por espiões, que este vinha carregado de munições dos EUA. O que se confirmou ser verdade, após averiguações. Explicando, desta forma,  as explosões no navio depois do impacto do torpedo e o facto de se ter afundado tão rapidamente -  em, apenas, 18 minutos.

A batalha mais sangrenta foi a de Verdun, de 1916, em que a França e a Alemanha se enfrentaram durante quase um ano  sob intensos bombardeamentos de artilharia pesada(17).

Entretanto, em 1917, os britânicos trazem tanques de guerraUsados pela primeira vez na história militar.

Após quase 4 anos, a  guerra continuava num impasse.

Em 1917. a revolução estala na Rússia e os exércitos russos retiram-se da guerra. O que poderia ter dado vantagem aos alemães, no entanto o Japão entra contra os alemães. seguido dos EUA , que decidem entrar na guerra, em resposta aos ataques alemães às suas embarcações, e à sua tentativa de mobilizar o México.

Com superioridade militar, o bloqueio económico e novas estratégias militares, a Áustria é forçada a render-se a 4 de Novembro de 1918, e depois a Alemanha a 11 de novembro de 1918.

Morreram mais de 40 milhões de pessoas. A Europa ficou destruída e a sua economia arruinada.

Já os Estados Unidos ascendem como potência mundial.

O envolvimento do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial ditaria o seu fim. Ao permitirem a passagem estratégica de navios alemães pelos Dardaneles e pelo mar Negro, foram considerados inimigos pelos aliados e atacados até à sua derrota.

O Império Otomano, enfraquecido pela sua participação na guerra, cede à revolução árabe e torna-se na República da Turquia, permitindo a criação de outros países como Síria, Iraque, Palestina, outros.

Nesta guerra participaram personalidades que viriam a tornar-se líderes políticos dos seus países. 

Winston Churchill  foi chefe político da marinha real britânica durante a Primeira Guerra Mundial. Mas o seu plano de ataque na batalha de Gallipoli (1915) contra os Otomanos foi a maior derrota aliada da Primeira Guerra Mundial. É dispensado e enviado com o exército para a frente ocidental até Maio de 1916.
Tornaria-se Primeiro ministro do Reino Unido por dois mandatos e estaria no governo, durante a Segunda Guerra Mundial (1940 to 1945).

Charles de Gaulle foi segundo-tenente na infantaria francesa e feito prisioneiro, pelos alemães, na Batalha de Verdun, em Março de 1916 até 1918.  
Na Segunda Guerra Mundial, irá comandar uma brigada de tanques, como general e liderará a resistência francesa.
Mais tarde, seria presidente provisório da França, de 1944 e depois presidente da Quinta República francesa em 1956.

Adolf Hittler foi militar da infantaria alemã enviado para a Batalha de Ypres, na Bélgica, em 1914. Em 1916 foi ferido e em 1918 foi gaseado por gás mostarda, ficando temporariamente cego e hospitalizado. Pela sua bravura de ter combatido sempre na linha da frente, foi condecorado com a cruz de ferro, em 1918. 
Viria ser líder e governador da Alemanha nazi, em 1933 e daria inicio à Segunda Guerra Mundial, em 1939.


Tratado de Versalhes
Após o fim da Primeira  Guerra Mundial é assinado na França, o Tratado de Versalhes, em 1919, por mais de 50 países. 

Neste tratado, os derrotados foram submetidos a estritas condições de controle militar e político, proibição de possuir exército nacional, retirada de suas colónias africanas e pesadas indemnizações a pagar por danos causados pela guerra.
A dureza dessas condições e a humilhação sentida pelos alemães seria o terreno fértil para o surgimento do nazismo uma década depois.

Novas fronteiras europeias são acordadas no Tratado de Versalhes: 
  • A França recupera Alsácia e Lorena; 
  • O Império Austro-Húngaro é desintegrado e surgem novas nações como Áustria, Hungria, Checoslováquia e Jugoslávia;
  • Os Otomanos perdem as colónias;
  • Finlândia, Lituânia e Letônia tornaram-se independentes;
  • A Polônia tornou-se um país independente.
É criada a Sociedade das Nações com o objectivo de evitar outra guerra mundial. 


Revolução Russa

Em pleno século 20, a Rússia ainda era governada por imperadores dmesma dinastia, desde 1613 (séc. 17) - os Romanov. A Rússia era feudal, maioritariamente agrária, dominada pelo clero (Igreja Ortodoxa), nobreza e imperador, como na Idade Média.

população faminta revolta-se várias vezes, mas durante a Primeira Guerra Mundial, em finais de 1917, os bolcheviques, apoiados pela população, tomam o poder do imperador Nicolau II. 

A  Revolução Bolchevique transformaria a Rússia na URSS - a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - o primeiro Estado de ideias comunistas do mundo. Tendo Lenin à frente do  governo e Trotsky como comandante do Exército Vermelho.

As primeiras medidas foram:
  • Retirar a Rússia da Primeira Guerra Mundial (perdendo a Letónia, Lituânia, Estónia, Finlândia, Ucrânia, Polónia e importantes  reservas de carvão);
  • Divisão das terras do campo, a fim de ajustar o fornecimento interno de comida para a população;
  • Nacionalização de indústrias e bancos.

Apesar de a União Soviética ser governada pelo Partido Comunista, nunca se tornou numa sociedade sem classes, sem Estado e a população nunca possuíu colectivamente os meios de produção. Ou seja, este país nunca foi realmente comunista.

Continua: Idade Contemporânea - Parte II


Outros Acontecimentos que marcaram a Idade Contemporânea.



Glossário

Parlamento(1) - É um órgão do governo democrático, geralmente composto por representantes eleitos, que representam a população. O Parlamento é responsável por elaborar leis e fiscalizar o poder executivo e representar a população.


Mercado Livre(2) - É um sistema económico capitalista no qual os preços de bens e serviços são determinados pelo vendedor com base na oferta e procura dos produtos, no mercado.


Motor a Vapor
(3) - Máquina que usa o vapor como energia para realizar o trabalho mecânico através do aquecimento de água ou carvão.


Sindicatos(4) - São organizações constituídas por trabalhadores para defender  o cumprimento dos seus direitos laborais e lutar por melhores condições de trabalho.


Socialismo(5) - É um sistema económico, baseado nos textos(Manifesto Comunista e O Capital) de Karl Marx, em que os meios de produção são propriedade de toda a sociedade, mas controlados pelo Governo (composto por trabalhadores), para evitar desigualdades sociais. O objectivo é a igualdade social e económica. E a produção é planeada consoante as necessidades de todos.
O socialismo não foi aplicado a nenhum país. Nalguns países capitalistas, existem algumas políticas socialistas, como sistema de saúde público gratuito ou ensino público completamente gratuito (incluido universidade).

Capitalismo(6) - É um sistema económico(7) que surgiu, na Europa, no final da Idade Média, com o desenvolvimento das actividades comerciais. E consolidou-se durante a Revolução Industrial, no século 18.

No capitalismo: 
  • Uma pequena parte da sociedade é proprietária dos meios de produção (propriedade privada). O objectivo é o lucro e acumular riqueza. 
  • A maioria da sociedade trabalha nos meios de produção, mediante um salário.
  • A produção e os preços de venda ao consumidor são baseados no mercado livre de oferta e procura.
  • O Governo garante a protecção dos direitos de propriedade, promove a concorrência leal e regula os abusos de poder.


Sistema económico(7) - Sistema económico é a forma como uma sociedade ou Governo gere os recursos, produz bens, distribui os bens, os consome e como usufrui de serviços.


Educação Secular
(8) - É um sistema de educação público onde é separada a religião do ensino.


Golpe de Estado(9) - "É a tomada repentina e ilegal do poder político por um determinado sector ou grupo social."


Império Sacro Romano-Germânico(10) - Foi uma complexa federação de Estados semi-independentes situados na Europa Central, que existiu de 962 a 1806.


Autocracia(11) - É uma forma de governo autoritária em que o poder é concentrado nas mãos de um indivíduo.


Gás lacrimogénico(12) - É um composto químico que causa  irritação, dor nos olhos e lacrimação, sensação de ardor na boca e narinas, tosse, sensação de aperto no peito. Não é considerado letal, mas em ambientes fechados pode causar morte. É proibido em guerras, mas permitido em civis. Por isso, ir para zona arejada, não coçar ou esfregar os olhos. Se continuar, ir às urgências médicas.


Gás cloro(13) - É um composto químico que quando inalado causa tosse, dificuldade para respiratória, dor no peito e, em casos graves, paralisia dos músculos respiratórios, asfixia e morte.


Gás fosgénio(14)É um composto químico que quando inalado provoca danos nos pulmões, que levam à morte.


Gás mostarda(15) - É um composto químico que em contacto com a pele ou mucosas(16) provoca queimaduras de primeiro e segundo grau, cegueira, tosse, vómitos, dificuldade respiratória e, em exposições prolongadas, hemorragias internas, morte, outros.


Mucosas(16) - narinas, boca, lábios, ouvidos, pálpebras, genitália e anus.


Artilharia pesada(17)- São canhões de grande calibre, obuses (armas de tiro curvo) e, em alguns casos, foguetes e mísseis. Operam em posições mais recuadas e protegidas e têm como objectivo apoiar as tropas da linha da frente, como a infantaria e a cavalaria, atacando fortificações inimigas.




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