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As Mulheres na História Europeia

A História das Mulheres Europeias




 Pré- História - As Mulheres Pré- Históricas

Nas pequenas comunidades nómadas, a prioridade era a sobrevivência e a continuação da espécie.

Não existiria a noção actual de casal e família. Apenas de comunidade.
Possivelmente, os nómadas acasalavam entre si, sem compromissos. O que  contribuíria para a protecção da comunidade, pois os bebes nascidos eram da comunidade, e, por isso, era responsabilidade de todos protege-los. De qualquer forma como viviam em pequenos grupos, acabavam por serem todos, realmente, da mesma família genética.

Como não existiam muitos conhecimentos de medicina, a mortalidade era muito alta, principalmente para mães e recém-nascidos. 
 
Possivelmente todos os membros adultos da tribo, caçavam animais de pequeno e grande porte e recolhiam plantas, frutos, sementes e raízes, essenciais para a sobrevivência do grupo, uma vez que a sua dieta era principalmente vegetariana, pois a caça não era sempre garantida.

Existem indícios que em algumas tribos, as mulheres mais velhas seriam curandeiras.

A certa altura terão começado a acasalar com membros de outras tribos, senão teriam sido extintos por doenças genéticas relacionadas com a continuidade da consanguinidade.

Quando os seus descendentes começaram a fixar-se em terras, começaram, também, a organizarem-se socialmente.   

Idade Antiga - As Mulheres da Antiguidade

Entre as grandes civilizações da Antiguidade, destacam-se na Europa, a Antiga Grécia, onde nasceu a primeira forma de democracia. 

As sociedades gregas antigas eram dominadas pelos homens. Em particular Atenas, onde existe mais documentação sobre a vida nesta Cidade-Estado.
As principais funções das mulheres eram casar, procriar, cuidar da família e das tarefas da casa. A vida das mulheres e a sua sexualidade eram, também, controlada por homens.

Religião - Como quase todas as civilizações antigas, a religião na Grécia era politeísta, isto é, acreditavam na existência de vários deuses. Existiam, também, várias deusas femininas. Umas das mais veneradas era a deusa da agricultura, Deméter.

As mulheres sacerdotisas eram responsáveis por realizar as cerimónias religiosas e rituais, onde canalizavam, através de transes, as vontades e profecias dos deuses, interpretadas por sacerdotes do templo, para orientação da população e de reis gregos. 

Segundo a Mitologia Grega, o rei dos deuses gregos, Zeus, ordenou a criação da primeira mulher, que cedeu à tentação da curiosidade e abriu a caixa de Pandora, libertando todos os males do mundo.

Educação - As meninas gregas frequentavam a escola como os meninos, mas a sua educação era mais direcionada para a formação da família.

Família - Casavam cedo entre os 13 e 14 anos. Os casamentos eram arranjados pelo pai, de quem recebiam um dote. Esperava-se que fossem esposas submissas e fieis. Poderiam ter a ajuda de escravos nas tarefas de casa, se o marido tivesse possibilidades de comprá-los.

Lei - Não tinham direito a receber heranças, que iriam para os irmãos, se fosse filha única, a sua herança iria para o marido. E se fosse solteira, seria obrigada a casar com um parente masculino, como um tio, para este receber a herança. Se fosse ainda criança, o seu guardião masculino teria controlo da herança.

Política - Não podiam votar, exercer cargos políticos ou participar na vida política.

Entretenimento - As mulheres podiam assistir a alguns festivais religiosos, sempre que acompanhadas por um familiar masculino. Mas não podiam assistir ou participar em nenhum outro evento publico, como teatro, jogos Olímpicos, corridas de carruagens. No entanto, tinha o seu próprio evento desportivo, Jogos de Hera, onde só participavam mulheres.

Escravas - Eram estrangeiras compradas em mercados ou trazidas como prisioneiras de guerras. Eram propriedades que de quem as comprava e poderiam trabalhar na casa ou campo do seu dono. A violação sexual de uma escrava era considerada dano de propriedade privada. Era crime contra o dono da escrava e não contra a escrava.

Prostitutas - Existiam as prostitutas que serviam os homens de classe baixa e as que serviam a classe alta. As de bordel, eram de origem pobre ou escravas compradas, exploradas pelo dono do bordel. 
Já as prostitutas de alta sociedade eram independentes dos homens. Mas, regra geral, qualquer prostituta não podia casar; participar de eventos públicos; os seus filhos não podiam receber nacionalidade grega; elas tinham que usar, em público, uma toga igual ao dos homens para se diferenciarem das senhoras respeitáveis e eram estigmatizadas e excluídas pela sociedade. 

A Idade Antiga terá tido a duração de quase 2000 anos.


Idade Média - As Mulheres Medievais

A Europa Medieval era maioritariamente rural e converteu-se ao cristianismo. Tornou-se fervorosamente cristã e a Igreja controlavam todo os aspectos da vida da população.

Religião - a Igreja demonizou as mulheres, através da estória bíblica de Eva, que levou a humanidade a ser expulsa do paraíso, do Jardim do Éden - As mulheres foram acusadas, pela Igreja, de terem provocado o pecado original.

Eva -  a mulher - tentou Adão e levou-o à queda - o homem. As mulheres foram consideradas provocadoras, que tentam os homens constantemente e a fonte de todos os pecados do mundo, qual caixa de Pandora! 

As mulheres tinha, portanto, que ser controladas pelos homens ou arruinariam as suas vidas! 

O papel das mulheres foi, assim, remetido às tarefas domésticas e à procriação. Mas, segundo a Igreja e a Medicina, o homem é que colocava a vida na mulher. A mulher, apenas, servia de útero, para essa vida crescer lá dentro. E era atribuída à mulher a responsabilidade de alguma deformidade no seu filho. 

Lei - Juridicamente não era entidades. O pai e depois o marido eram os responsáveis pelo seu comportamento e poderiam ser julgados pelo crime da mulher, e não ela própria.
A violação sexual de uma mulher era considerado crime contra o seu pai ou marido. Não contra ela. 
As mulheres solteiras e casadas não possuíam bens perante a lei, mas as viúvas, podiam possuir propriedades e gerir património, até que um filho atingisse a maioridade.
As mulheres eram consideradas inferiores, propriedade do pai, que as sustentavam, preservavam a sua virgindade e reputação, e depois passavam a ser posse do marido, a quem seriam, igualmente, obedientes e lhes daria descendência. Uma vez casada, o marido controlava os interesses da mulher. 
Caso ficasse viuva, seria obrigada a casar com um parente próximo.

Casamento - Casavam muito jovens, normalmente com homens mais velhos, com a aprovação do pai e tinham muitos filhos. 
Como a medicina era ainda muito primitiva, a mortalidade era muito alta, principalmente para mães e recém-nascidos.  
As demonstrações de afecto em público eram consideradas imorais.


Educação - As mulheres medievais eram analfabetas, com excepções de algumas  nobres e  eclesiásticas, que sabiam ler, escrever e aprenderam  latim.

As sociedades medievais estavam organizadas em classes sociais. A classe social onde se nascia determinava a sua vida. A sua condição social era hereditária.

 

Mulheres da Realeza

As princesas eram treinadas para assumir os deveres de uma rainha. Os seus casamentos, combinados pelo pai, eram estratégicos para formar alianças com outros reinos.
O papel da rainha raramente era político. Era responsável por gerar herdeiros para o trono, manter laços de proximidade com a Igreja, cumprir deveres delegados pelo rei e zelar pela administração eficiente da casa real.
Algumas rainhas medievais governavam por direito próprio, assim como aquelas que eram conselheiras muito influentes do rei, mas eram casos raros.


Mulheres da Nobreza

A maioria da nobreza eram senhores feudais. As abastadas mulheres nobres eram dependentes do pai ou do marido. Na maioria dos casos, os seus casamentos eram arranjados pelo pai, com outra família nobre, para formar alianças e aumentar a riqueza, sem ter em conta a vontade da donzela. O dote e a herança das jovens mulheres nobres eram muito importantes para conseguir um bom casamento na nobreza.
Geralmente casavam-se ainda jovens e sua principal função era garantir a continuidade da linhagem.

As nobres administravam as propriedades e vassalos dos seus maridos, quando estes estavam em viagens de negócios ou a combater em guerras. Em caso de morte do marido, assumiam os negócios do marido. O que lhes dava uma maior autonomia.

Mas continuavam a ser excluídas da política do reino.


Mulheres do Povo

A maioria das mulheres pertenciam ás classes baixas, de famílias pobres. As mulheres do povo, cuidavam da casa, dos filhos, do marido e ajudavam o marido no sustento da família, trabalhando, também, fora de casa.

Trabalhadoras não-livres - Se nascessem servas, além de serem propriedade do seu pai e depois do marido, eram propriedade do Senhor feudal, o dono das terras e da fazenda ou castelo, onde viviam. A servidão era hereditária de pais para filhos.

Trabalhavam nos campos e cuidavam do gado dos senhores feudais, com os seus pais, marido e filhos, do amanhecer ao anoitecer.
Os servos não podiam deixar a propriedade senhorial sem permissão do senhor e podiam ser comprados e vendidos juntamente com a terra. E os seus casamentos tinham que ser aprovados pelo senhor feudal. 

Trabalhadoras livres - Podiam nascer dum família de trabalhadores livres dos campos ou das cidades. 

Se fossem camponesas trabalhariam numa pequena terra arrendada, com os seus pais ou marido. O seu pai ou marido pagava rendas, impostos e taxas aos senhores feudais e os seus casamentos tinham que ser aprovados pelo senhor feudal. 
 Podiam trabalhar nas terras do senhor feudal ou na casa dos senhores feudais, como criadas domésticas assalariadas: criadas de quarto, cozinheiras, lavadeiras, costureiras, recebendo um salário.

Se tivessem nascido na cidade, trabalhariam no comércio para os burgueses, como padeiras, artesãs, tecedeiras, vendedoras, empregadas de mesa, etc.
As cidades tinham os seus próprios sistemas legais, proporcionando mais liberdade e protecção.
As mulheres recebiam menos salário que os homens.

Todo o povo estava obrigado a pagar o dizimo à Igreja.


Mulheres do Clero

Dentro do Clero, as mulheres, só podiam ir para Conventos e tornarem-se freiras.
As freiras faziam votos de castidade, renunciavam aos bens materiais e dedicavam-se à oração e à assistência aos mais necessitados (distribuir esmolas, tutoria de crianças, cuidar de doentes e moribundos).
Usavam uma túnica comprida com um véu a cobrir tudo, excepto o rosto, como símbolo do seu papel de "Noiva de Cristo". 
Os principais motivos das mulheres escolherem a vida no convento seriam: devoção religiosa, ou por não conseguirem casar, ou enviadas pela família para receberem educação, ou por serem viuvas.
As freiras não podiam sair do convento. Com excepção daquelas que prestavam serviço comunitário. As freiras eram lideradas por uma abadessa que tinha autoridade absoluta.
As freiras produziam a própria comida e vestuário. Mas as tarefas mais árduas eram entregues às freiras de origem pobre, como trabalhos agrícolas, limpeza e cuidar do gado. Enquanto as de origem nobre recebiam tarefas como bordar e fiar. Alguns conventos apenas aceitavam freiras de famílias ricas, o que enriquecia o convento. 
As freiras eram mais respeitadas pela sociedade que as restantes mulheres, no entanto, existem bastantes escândalos sexuais com freiras, na história europeia medieval.

Mulheres da Burguesia

Do povo, surge uma nova classe social, pelo fortalecimento do comércio, a Burguesia.

Os burgueses era comerciantes que acumulavam riqueza, alguns tornaram-se ricos. 

As mulheres burguesas trabalhavam com os maridos e quando eles morriam, elas ficavam com o negócio. 

A devoção à virgem Maria e a poesia romântica trovadoresca levaram que a mulher fosse tratada com um pouco mais de respeito.

Este periodo terá tido a duração de 1000 anos.


Idade Moderna - As Mulheres Modernas

A Europa moderna aventura-se ao mar desconhecido e explora novas terras. Já o poder régio estava no seu auge.

As sociedade europeias continuavam a privilegiar os homens e a vida da mulher continuava controlada pelo homem, a partir do momento em que nascia até que morria.

A Inquisição intensifica-se nesta época e milhares de mulheres europeias, geralmente as mais pobres, são acusadas de bruxaria e condenadas a serem queimadas vivas na fogueira.

Os movimentos liberais que ocorrem por toda a Europa vão ajudar a mudar as mentalidades europeias e levarão à emancipação da mulher durante a Idade Contemporânea.

Este periodo terá tido a duração de 300 anos.


Idade Contemporânea - As Mulher Contemporânea

A Europa começa a industrializar-se, surgem as grandes cidades e as monarquias são gradualmente substituídas por repúblicas. 

Olympe de Gouges envolvida na Revolução Francesa, escreveu, em 1791 uma Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que dirigiu à Rainha Maria Antonieta da França.

Em 1792,  a inglesa Mary Wollstonecraft defendeu a igualdade educativa e social para as mulheres em "A Reivindicação dos Direitos da Mulher".

Mas em pleno século 19, as mulheres continuavam sem poder votar, não podiam tomar decisões sobre os seus próprios filhos ou bens e não podiam pedir divórcio.

As mulheres unem-se e organizam manifestações onde exigem ser tratadas como cidadãs iguais aos homens, incluido salários iguais e direito ao voto. Estas manifestações foram lideradas pelo Reino Unido.

Em 1957, a Comunidade Europeia assina o Tratado de Roma, onde os países membros reconheciam que a igualdade de género era um valor fundamental. 

Em 1975, a Comunidade Europeia concorda que a mulher deve receber o mesmo salário.

Em 1979, é eleita a primeira mulher presidente do Parlamento Europeu.

Em 2000, a União Europeia publica os Direitos Humanos, onde defende que deve ser garantida à mulher igualdade em todas as áreas.

Política - Só a partir do século 20, as mulheres começaram gradualmente a poder votar nos países europeus. Sendo que a Finlândia foi o primeiro país a permito-lo, em 1906, e Liechtenstein o último, só em 1984.

Educação - A Educação tornou-se obrigatória e gratuita e o professor deixa de ser o padre. 
Actualmente, as mulheres podem estudar e licenciar-se em qualquer área. Mas a educação universitária, apenas, é gratuita em alguns países europeus.  Por isso mulheres e estudantes de famílias mais pobres não tem acesso a melhores estudos e consequentemente não têm acesso a todas as profissões.

Trabalho - As mulheres tem direito à igualdade de oportunidade em todas as áreas e igualdade de salário. 
Para seguir carreiras, as mulheres europeias estão a casar e a ter filhos cada vez mais tarde. 

Casamento - Os casamentos por amor tornaram-se comuns. Embora, entre as classes altas, ainda, se tenha em conta os benefícios que certa união possa trazer.

Entretenimento - As mulheres podem assistir e participar de todos os eventos públicos.

Nas sociedades contemporâneas europeias, as mulheres foram reconhecidas como seres humanos e cidadãs iguais aos homens e os seus direitos estão protegidos pela lei. 

Embora, ainda existam homens e empregadores que contornam a lei. Esperemos que quando estas gerações mais antigas morram, que morram com elas, também, essas mentalidades antiquadas e opressoras, para que todas as mulheres do mundo possam, realmente, usufruir da igualdade de direitos. 


Conclusão 

Ao longo dos séculos da história da humanidade as mulheres foram subjugadas às leis e cultura dos homens. Consideradas fracas de intelecto, incapazes de tomarem decisões e por isso inferiores ao homem.

Estando-lhes destinado um papel passivo e submisso nas sociedades europeias. No entanto, várias mulheres, em diferentes épocas, desafiaram essas normas e ousaram mostrar ao mundo a sua inteligência e bravura, seja na política, na medicina ou nas artes. Como Cleopatra na Idade Antiga, ou Joana de Arc na Idade Média, Olympe de Gouges na Idade Moderna ou Marie Curie na Idade Contemporânea.

Essas e muitas outras mulheres corajosas lutaram para que as mulheres de hoje possam ser livres, independentes e autónomas. Possam controlar as suas próprias vidas, tomar as suas próprias decisões e ser donas do seu destino.

Inteligência, capacidade de decisão e liderança não depende do género, se é mulher ou homem. Depende de cada pessoa. Existem homens que não são inteligentes e lideres, assim como mulheres.

As nações europeias afirmam que, actualmente, existe igualdade de oportunidade para todos. Mas a verdade é que, apenas, existe essa igualdade de oportunidade para mulheres e homens nascidos em famílias endinheiradas. Sem dinheiro não é possível receber a educação necessária para ter acesso a profissões em que se participe activamente na vida política, judicial e cientifica da sociedade. Apenas, mulheres abastadas conseguem usufruir na totalmente dessa igualdade de direitos.

Ser mulher tornou-se mais fácil, mas continua a ser difícil nascer pobre e conseguir ter uma vida melhor.







Imagem gerada por IA 

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